quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Capítulo 03 – A Luz

Quando ouviu tal ordem, por um momento sentiu seu corpo paralisado, mas como se acordasse de repente com um pulo, retomou a coragem e avançou em direção da porta. Segurou na maçaneta, e antes de abri-la, rezou:
- Senhor, o que quer que aconteça quando eu entrar por esta porta, está em tuas mãos. Sempre confiei em Ti, e nunca fiquei desamparado, e sou grato por isso. Guia-me em todos os passos como sempre fizeste. Amém. – E abriu a porta.

A capela, chamada de Capela Menor, era uma sala redonda, com vários bancos, com teto abobadado baixo, e do outro lado da sala, na direção da porta, havia um pequeno Sacrário de madeira branca com as letras entalhadas JHS dentro de um círculo, e a porta dele abria-se ao meio em duas partes. Uma lâmpada vermelha sempre acesa ao lado dele indicava a presença da Hóstia Consagrada. A sala, capaz de acomodar umas 20 pessoas, sempre recebia Padres, Bispos e Cardeais para orações pessoais e era um local de muita tranqüilidade. Muitas vezes o Papa podia ser encontrado ali orando. E naquele momento, havia seis visitantes que haviam acabado sua oração, mas o Papa não os notou naquele momento.

Ao entrar na Capela Menor, por um momento seus olhos se ofuscaram pela forte luz que havia na sala. Não era tão forte quanto há alguns minutos, mas fez alguns padres e bispos caírem no chão ao verem o clarão antes que a porta fosse fechada novamente. Quando os olhos do Santo Padre se acostumaram à luz, ela não parecia mais tão forte, e o que ele viu foi algo inimaginável: o Sacrário estava aberto e de dentro dele vinha a luz que brilhava intensamente, e alguns pequenos raios subiam como se fossem brasas brancas e brilhantes. E dentro dela, brilhando mais que tudo, havia uma Hóstia flutuando no ar. A luz que saía dela pulsava como um coração e era possível ouvir claramente o suave som das batidas. Ao ver tal cena, muitas lágrimas escorriam pelo rosto dele e mesmo desejando cair de joelhos e desviar o olhar para chorar, seu coração sabia que devia ir até lá e não devia desviar seu olhar daquele milagre. Ao se aproximar, ouviu uma voz diferente da que lhe ordenou entrar, vindo da Hóstia:
- Leão, meu servo amado. – A voz era mais forte que a primeira, mas era carregada de doçura e amor, e como se pressionado pelo peso dos pecados, o Papa caiu no chão chorando com o rosto por terra, mas ouviu: - Não se preocupe, sei que seu coração teme a morte ao ver o Senhor, mas peço que olhe para mim. Se teme por causa dos pecados, digo que lhe são perdoados. Mas não lhe perdoarei se não me deixar ver seu rosto.
Sentindo como se sorrissem para ele, o Papa não teve outra alternativa a não ser se levantar com um sorriso de agradecimento e felicidade. Nunca na vida se sentira tão feliz e com o coração tão leve. Olhando para a Hóstia brilhando e pulsando em sua frente, disse:
- Nunca me perdoaria se não olhasse para o Senhor como faço agora, Senhor Jesus!
- Sim, eu sei. Mas peço que não se preocupe com isso, pois espero que possamos nos olhar muitas vezes ainda, antes do fim de sua caminhada na terra. Saiba que tem sido um grande pastor para as ovelhas de meu rebanho, e muito me alegra em saber que tem sido uma pessoa de coração tão bom. Mas digo uma coisa da qual não deve esquecer-se jamais: não deves ter medo, meu amado. Nunca. Lembre-se que eu disse há muito tempo, mas as palavras são muito vivas, atuais e tão verdadeiras quanto estas que digo agora: nada temas, pois estou com você todos os dias. Não o abandono nunca. O caminho é longo, a estrada é cheia de desafios, mas eu o acompanharei. Está muito bem cuidado por meu Anjo da Guarda, e a partir de agora saberá que sempre esteve sob a proteção de meus queridos Paladanjos. A partir de hoje você terá contato direto com eles e espero que possam compartilhar com suas vidas nesta caminha. Eu o amo, Leão. E sempre o amarei. O Espírito Santo o iluminará nas decisões que deverá tomar. Cuide-se bem.
Com estas últimas palavras vindas da Hóstia, ela brilhou ainda mais forte durante um instante, e a porta do Sacrário fechou-se suavemente. O brilho diminuiu e apagou-se. A Capela Menor voltou ao normal e o Papa caiu de joelhos boquiaberto ainda olhando para a portinha do Sacrário. Duas últimas lágrimas rolaram de seus olhos e ele disse finalmente:
- Amém. – Fechou os olhos por um instante, louvou a Deus em seu coração e levantou-se.

De repente deu-se conta de que ao seu redor havia seis figuras, três de cada lado, abaixadas, com o joelho direito apoiado no chão, e a mão direita aberta sobre o coração. De cabeças baixas, direcionados para o Sacrário, havia seis Anjos. Suas asas, dobradas, pareciam tão leves com suas longas plumas que pareciam feitas de luz. Então um deles falou, e era a mesma voz que lhe ordenara entrar:
- Louvado seja nosso Senhor, Jesus Cristo. – e outras vozes responderam:
- Para sempre seja louvado.
Então os seis se levantaram e olharam para o Papa.
- Céus! – Exclamou ele.
As seis figuras eram altas e seus rostos eram sublimes, seus olhares eram profundos e emanavam sabedoria. Vestiam túnicas brancas com desenhos e cores diferentes entre si nas extremidades da vestimenta e em suas cinturas havia um cordão dourado com fios da mesma cor dos detalhes da roupa.
Finalmente o Papa descobriu quem era o dono da voz forte que duas vezes já ouvira, quando o mais alto deles, com detalhes prateados na túnica, disse:
- É um prazer dar-nos a conhecer, Vossa Santidade. Somos a Equipe Alfa dos Paladanjos.

Bastidores do Capítulo 03

Um comentário:

Estela Maris disse...

Nossa Marcelo que massa, é vc mesmo que os faz?

Bjokas,Estela