quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Capítulo 01 – Papa Leão XV

Vaticano. 02 horas e 15 minutos da manhã. Hora local.

Um trovão rompe o silêncio daquela noite quente e acorda o Papa Leão XV. Enquanto ainda se ouvia o ronco do trovão nas nuvens, a chuva começa a cair fortemente sobre toda a cidade. Ele se levanta, e vai até a janela para ver a chuva cair.
- Que chuva! – exclamou ele – E que calor! Nem parece que estamos na Europa!
Perdera o sono, e talvez levasse algum tempo até dormir novamente. Porém, não imaginava que naquela madrugada chuvosa sua vida mudaria para sempre. Um outro trovão ecoa pelo céu, e ele começa a lembrar de sua juventude, quando morava com a família na Costa Rica.
Sua família era muito simples, trabalhavam como agricultores em um pequeno sítio próprio, e sabia que a chuva era muito importante, pois dava às plantas a força necessária para crescerem fortes e saudáveis. E com elas, ele, seus pais e dois irmãos menores poderiam sobreviver e ainda podiam vender um pouco delas. Por isso, desde pequeno sempre foi um grande admirador da chuva.
De repente, um raio cai bem debaixo de sua janela, jogando-o para o outro lado do quarto. Mesmo estando com 78 anos, seu corpo mantinha força e disposição invejáveis, e não se feriu, foi apenas um susto. Mas quando ele se levanta e pensa em ir até a janela para ver o que aconteceu lá fora, suas pernas parecem não obedecer por conta do susto que levou ao se dar conta de que na janela, do lado de dentro do quarto, havia uma pessoa. E por causa da luz fraca que vinha lá de fora, não se podia ver mais nada além do contorno de um corpo humano com grandes asas que pareciam feitas de luz e iluminavam um pouco o quarto. De onde teria saído aquela figura alta, que facilmente passaria dos dois metros de altura? Apesar disso, havia algo que o impedia de ter medo, e sentia paz e segurança ali.
- Quem é você? – perguntou ele.
- Sou o Arcanjo Miguel. Chefe das Milícias Celestes. E venho lhe trazer uma importante notícia, Papa Leão XV. – sua voz era forte como um trovão.
- Uma notícia... para mim?! – dizia ele ainda espantado.
- Sim. É a chegada do Armagedon.
- A-Armagedon?! – gaguejou o Papa.
- Isso mesmo. Há algo grandioso prestes a acontecer. É como o Armagedon descrito na Bíblia Sagrada, no Apocalipse de João. Está escrito: "Vi sair da boca do Dragão, da boca da Fera e da boca do falso profeta três espíritos imundos semelhantes a rãs; são os espíritos de demônios que realizam prodígios, e vão ter com os reis de toda a terra, a fim de reuni-los para a batalha do Grande Dia do Deus Dominador. Eles os reuniram num lugar chamado em hebraico Harmagedôn".
Um trovão ecoou pelos céus e a chuva caiu com mais força ainda.
- Mas quando acontecerá isso? – perguntou o Papa com o rosto pálido ante tal revelação.
- Já está acontecendo. Estamos em situação crítica e o tempo é curto. Precisamos impedir que isso aconteça.
- Como assim?! Não é algo que deve acontecer? O Juízo Final?
- Sim, o Armagedon deve acontecer, mas esta não é a hora.
- Não?!
- Não. – ao dizer isso, ele fecha os olhos, respira fundo, e continua – Ainda no Apocalipse, lemos que o Demônio, preso e acorrentado foi lançado no Abismo por mil anos, e lacrado por cima. Depois disso, deveria ser solto por um pouco de tempo. E depois de mil anos, seria solto novamente, e assim foi. Porém, nas últimas três vezes em que lhe daríamos liberdade, ele se recusou a sair do Abismo.
- Recusou?! Mas por que?!
- Na primeira vez, disse que estava incomodado pela forma que estava sendo preparada a chegada do Messias na Terra, e ficava enojado ao ouvir os gritos dos profetas e não queria ir lá, pois os gritos chegavam até ele e sabia que não adiantava tentar pará-los. A segunda vez foi pouco depois de ir ao deserto falar com Jesus, como está escrito nos Evangelhos. Ele queria ir de todo jeito pra tentá-lo, mas foi derrotado pelo filho de Deus, e escolhera ficar no Abismo e não o olharia novamente nos olhos. Mas alguns de seus Anjos Caídos desejavam sair, e saíram. Mas pouco depois voltaram, pois esta Legião foi a mesma que matou afogada a manada de porcos descrita na Bíblia. Lúcifer, mil anos depois, resolveu ficar no Abismo novamente, pois ainda não tinha vontade de sair. Intrigado com essas escolhas dele, perguntei o que planejava com aquilo. E ouvi como resposta:
- Miguel... Por três mil anos esperei por essa pergunta. Pensei que jamais a faria... Não quero sair. Ainda. Mas há algo que quero. Daqui mil anos, quando vier me importunar de novo com essa “liberdade”, quero ficar três tempos solto.
- Três tempos? – perguntei – Impossível.
- Ah, mas é a terceira vez que escolho não sair. – disse ele com voz tentadora - Da próxima eu saio e fico os três tempos pra compensar a falta. Estou querendo ficar longe daqui.
- Não, isso não será assim. Ficou aí por vontade própria. Perdeu as duas oportunidades que teve anteriormente e não ficará hoje aqui. Sairá, nem que seja necessário usar a força.
- E iniciarmos uma batalha agora? Não Miguel, não lutarei hoje. Não quero colocar em risco meus Anjos Caídos para daqui mil anos não tê-los ao meu lado na Terra. Você pensa o mesmo sob seus subordinados. Embora nós aqui sejamos numerosos e poderosos, não me deliciarei com seu sangue hoje. Hehehehehe...
- Cala-te, Serpente! Daqui mil anos voltaremos aqui para libertá-lo, e ficará por um pouco de tempo apenas. Nada mais do que isso.
- Está bem. Ficarei aqui. Mas saiba que quando sair, farei tanta bagunça, causarei tanta desordem, destruirei tanta coisa que, nem se eu ficasse solto por mil anos eu não faria tanta coisa. EU PROMETO! – disse ele com um olhar cheio de ódio e desejo de vingança pela derrota sofrida em um passado distante, mas ainda muito vivo na cabeça dele.
- E eu estarei lá para impedir que isso aconteça.
- Então lutaremos. – disse ele rapidamente em alta voz, e um sorriso maldoso tomou seu rosto - Prepare seu exército, e eu prepararei o meu. Até lá, vou brincando o quanto posso com os Homens. Hehehehe... – e voltou para as profundezas.

- E desde este dia, Papa Leão XV, não o libertamos mais. Porém... – e fez uma pausa.
- “Porém...” – repetiu o Papa.
- Desde a última vez que falei com Lúcifer até hoje, se passaram mil anos. Em pouco tempo ele deverá ser liberto. E como me prometeu, causará muita bagunça. Não podemos permitir. Lutaremos. Não há escolha. Mas como a situação é delicada, precisaremos de ajuda. Não apenas dos Arcanjos sob meu comando, mas também dos Homens.
- Dos Homens?! E como podemos ajudar? O que um homem pode fazer em uma batalha entre Céu e Inferno?! Não há quem possa lutar!
- Sim, há. E há muito tempo eles existem, mas sempre no silêncio. Até mesmo a Bíblia fala deles, mas com outros nomes.
- O que? De quem está falando?
- De homens valorosos chamados de Paladanjos.


Bastidores do Capítulo 01

Um comentário:

Unknown disse...

bom eim marcelo conmtinua assim achei ótimo!!