segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Capítulo 05 – Perigo nas Alturas

A Equipe Alfa seguiu por um corredor longo que levava até uma pequena varanda. Tomoe e Isauro apertaram os passos e chegaram à varanda antes dos outros. A Paladanjo do caminho da Água, Tomoe, ergueu os braços em frente ao corpo, com as palmas das mãos unidas e com uma aura pulsante ao redor delas, sem dizer nenhuma palavra, afastou as mãos suavemente. A chuva, como que seguindo o movimento das mãos da pequena japonesa, dividiu-se a partir da varanda até um ponto distante no céu, formando algo como um corredor sem chuva no ar.
Isauro, que estava ao lado dela, golpeou o ar na direção do corredor criado por Tomoe. E lá adiante, onde o corredor encontrava uma nuvem, o golpe de Isauro fez com que fosse aberto um buraco nela, onde, pelo ângulo que fora aberta, a luz do Sol que subia o céu escondido pelas nuvens, entrou iluminando diretamente os Paladanjos.
Nesse momento, os outros quatro chegaram ao local e puderam ver um arco-íris que se formava naquele momento no meio do corredor. E sorriram ao lembrar que este é um sinal da Aliança de Deus com os Homens. E seria por aquele caminho que sairiam do Vaticano.

A chuva que fora desviada pelo poder de Tomoe, formava uma cortina ao redor do grupo que, voando com o poder das asas em suas costas, iam em direção ao céu. Eles subiriam acima das nuvens de chuva, e lá, onde o sol brilha sem que nada o impeça, por mais forte que seja a tempestade que esteja entre as nuvens e a terra, eles conversariam antes de voltarem à terra para executar atividades que seriam discutidas em breve.

Porém, no meio do caminho, Tomoe parou seu vôo e mantinha o olhar fixo em uma nuvem que estava alguns metros acima dela, atrás da cortina de chuva.

- O que foi, Tomoe? – perguntou Lucius.
- Tive a impressão de ter ouvido algo ali em cima.
- O que quer dizer? Não ouvi nem senti nada diferente, além da chuva.
- Não sei bem. Talvez tenha sido apenas minha imaginação. – E sorriu – Vamos continuar. Estamos quase chegando na nuvem, e atravessá-la não será difícil, aberta como está.

Ao concluir a travessia do corredor aberto na chuva, este se fechou e a chuva voltou a cair normalmente. E cairia ainda por um bom tempo. O grupo então estava atravessando um corredor ao longo de uma grande nuvem, e mais uma vez, Tomoe parou no caminho.
- Tomoe? – chamou Lucius
- Lucius, eu tenho certeza: ouvi alguma coisa dentro desta nuvem, e não foi um trovão.
- O que foi então?
- Eu gostaria de descobrir, e...
- Não. É melhor nos apressarmos. O nosso tempo é escasso. Não podemos nos precipitar em agir por ‘impressões’ e ---

Mas antes que concluísse a frase, todos ouviram um estranho trovão dentro da nuvem. E a chuva, ainda visível na ponta do corredor, aumentou de intensidade.

- Tomoe, tem minha permissão para verificar rapidamente o que está acontecendo lá dentro desta nuvem. Este trovão foi muito estranho. Denambuc, vá com ela.
- Sim, Lucius. – respondeu o Paladanjo do Fogo.
- Não é necessário, Lucius. Dentro da nuvem eu tenho uma sensibilidade maior em perceber algo diferente do que todos vocês. Alguém lá comigo só iria atrapalhar.
- Tomoe! – Espantou-se Denambuc.
- Está me contrariando?
- Não, Lucius. – interferiu Ars. – Ela está apenas fazendo aquilo que é de seu dever. Cumprindo com o caminho que lhe foi confiado pelo Senhor.
Lucius, olhou para Ars durante alguns segundos em silencio, e sem tirar os olhos dela, disse:
- Está bem, Tomoe. Perdoe-me pela falta de modos Pode ir sozinha. Mas não demore.
- Está bem. Não tem problema, Lucius. Entendo que há muita responsabilidade sobre seus ombros. Voltarei o mais rápido possível. – E entrou na nuvem.

Ars aproximou-se de Lucius e perguntou sem que os outros ouvissem:
- O que há com você? O que foi isso agora?
- Não sei, Ars. Me senti estranho. Estou inseguro quanto ao que pode estar aqui neste lugar, apesar de tudo.
- Acredito que seja melhor você se acalmar um pouco. Não me pareceu que o Líder da Equipe Alfa estava aqui agora.
Lucius desviou seu olhar dos olhos da Paladanjo das Trevas, e suspirou.
- Tudo aquilo que durante tanto tempo nós esperamos, está para acontecer. E será justamente nesta época em que nós ---

Mas foi interrompido novamente quando Tomoe rompeu a nuvem, cerca de 30 metros acima de onde os outros estavam, gritando:
- SUBAM RÁPIDO! VAMOS FUGIR DAQUI!
E um som, como uma mistura de rugido com trovão, ecoou naquele alto céu, e parecia vir de todos os lados numa fúria insana.
- Droga. E o dia nem começou! – Disse Denambuc enquanto impulsionava suas asas para subir corredor acima.


Bastidores do Capítulo 05

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Capítulo Especial 01 – Natal

O Natal é o Nascimento de Jesus. Todos nós comemoramos esta data tão especial, e não há porque os Paladanjos não a comemorarem também!

Como tradição em vários lugares do mundo, muitas pessoas se unem para encenar o Nascimento de Jesus apresentando em praças públicas, teatros, escolas, e outros lugares. E um grupo de pessoas se reuniu para assistir uma destas peças, mas antes, passeava pelo lugar. Onde? Você decide, caro(a) leitor(a)! Afinal, o Natal é para todos!


- Aaahhhhh! Que liiiindoo!!! – Disse maravilhada uma garota com o rosto colado em uma vitrine de loja.
- Ai, o que foi, Rosa?
- Olha só, Denambuc! Que Presépio lindo! Olha só!
- Já vi, Rosa, já vi...
- Credo, que animação!
- Já vi bastante presépio pra um dia só com você!
- Há-há, engraçadinho. Não vou deixar você estragar essa noite, tá? Ei! Olha só aquela outra loja! – E correu pra olhar outro presépio.
- Crianças... – Disse Denambuc pra si mesmo.
- Deixa ela, Denam. – Disse Isauro. – É bom a gente ficar contente e esquecer as batalhas de vez em quando.
- É verdade, Isauro. Afinal é Natal!
- É isso mesmo!
- Que lindo, gente! Vem ver isso! – Chamou Rosa.
- Ai, outro presépio.
- Hehehe. Vamos Denambuc.
- Ah, Lucius, até você?
- Como assim até eu? Só você que está com essa cara chateada.
- Verdade. Acho que é melhor você parar de birra ou então vai ver o que é...
- Ta bom, ta bom, Ars! Já parei, já parei! Vamos lá! Cadê, Rosa? Cadê o que é liiindo?
- O que deu em você? Agora ta curioso, é? Tudo bem, olha aqui!

Os outros quatro observavam de longe os dois olhando os presépios enquanto conversavam:
- Então cada um já sabe o que fazer, não é?
- Sei sim, Lucius. – disse Tomoe – mas tenho uma pergunta.
- Sim?
- Será que a gente não está exagerando?
- Acho que não, Tomoe. – respondeu Isauro – Acredito que o que pudermos fazer para que o Natal seja mais colorido pra todos, nós devemos fazer. Com poderes e habilidades especiais ou não.
- É verdade, Tomoe. Não se preocupe, porque nada vai sair errado.
- Que bom, Lucius. – disse ela sorrindo. – Sempre fico muito apreensiva nesses momentos.
- Então vamos. Ei! Rosa! Denambuc! Vamos, está na hora!
- Já estamos indo! Olha, Denambuc! Que lindo aquele ali!
- Ai...

Quando começou o teatro na praça da cidade, os seis ficaram quase no fim do público para que pudessem ver e ouvir todas as reações das pessoas com o espetáculo. A apresentação começou falando de Maria e José, do noivado dos dois, e em seguida para o momento em que Maria estava em casa se preparando para dormir. Neste momento a Equipe Alfa começou a trabalhar: Ars usando seu poder das Trevas fez com que tudo ficasse escuro ao redor do palco e do público, exceto ao redor da atriz que interpretava Maria. Quando escureceu tudo, a equipe do teatro ficou assustada, mas Lucius falou aos corações deles:
- Não temam. Hoje será dada uma ajuda no trabalho de vocês para que tudo fique mais belo. Não temam e ajam naturalmente. Deus está presente e nos enviou para embelezar a peça. E não tomaremos de vocês os louvores do vosso trabalho. Boa sorte.
Então, mais calmamente, os atores continuaram a peça, e o público não percebeu a hesitação. Quando o Anjo Gabriel entrou em cena, as asas de tecido e plumas foram substituídas por asas de luz criadas por Lucius. E todos achavam que um Anjo de verdade estava ali quando a luz vinda dele brilhava fortemente, e diminuiu quando começou sua fala.
- Ave, cheia de graça...
Quando Maria disse seu ‘sim’, e começou a tocar uma música para festejar o momento, Rosa fez com que chovesse no palco algumas pétalas de flores e exalassem seu perfume, maravilhando o público todo.

No momento em que José dormia e o Anjo apareceu em sonhos, Tomoe fez com que água flutuasse ao redor deles para dar a impressão de sonho. E Lucius fez as gotículas de água brilharem e Ars fez tudo ficar escuro novamente e dar um destaque à luz.

No momento em que o menino Jesus nasceu, fez-se grande silêncio, e quando o menino foi erguido, como presente de Lucius, a criança brilhava, dando um aspecto divino ao bebê, e muitas pessoas choraram neste momento, pois tudo era muito lindo. Algumas crianças vestidas de Anjo surgiram cantando um canto de Natal e suas asas também foram feitas de luz.

Quando os três Reis Magos surgiram, uma estrela de fogo criada por Denambuc iluminava tudo acima das cabeças de todos. E quando as caixas dos presentes foram entregues, raios de luz emanavam delas.

No momento da apresentação do menino no Templo, quando o ator interpretando Simeão o tomou nos braços, o menino brilhava novamente, e sorria feliz. Então o menino estendeu a mão direita como se abençoasse, e um raio de luz saiu da mão dele e atingia o público, e os Paladanjos achavam que era Lucius quem estava fazendo isso, mas ele deu um passo à frente, e disse:
- Meu Senhor...!
Os outros olharam para ele de olhos arregalados, e olharam para o menino novamente, e ouviram dentro de seus corações uma voz de criança dizer:
- Meus amados. Que bom que estão aqui.
E choraram de alegria.

Em seguida a atriz interpretando Ana também surgiu e encerrou o teatro dizendo em prantos enquanto erguia o menino:
- Louvado seja Deus que nos enviou seu Filho único para nos salvar! Que a luz de Deus brilhe nos corações de todos nós como este menino brilha agora perante todos! Deus seja louvado pela história que acabamos de assistir e pelos milagres que vimos aqui também! Envolvidos pelos Mistérios do Natal, nunca deixemos de nos alegrar com o Amor de Deus por nós! E que possamos sempre dizer a todos que nos encontram palavras de paz e amor! Um feliz Natal para todos e um Ano Novo repleto de vitórias, alegrias e crescimentos! Que Deus abençoe a todos!

Todo o público em lágrimas de alegria aplaudia grandiosamente o espetáculo. Então fogos de artifício explodiam no céu noturno e com o poder de Rosa, pétalas caíam do céu. E Lucius escreveu ‘Deus ama a todos vocês’ no céu atrás dos brilhos dos fogos.

Pouco depois, quando acabou a peça, os seis estavam na Igreja rezando, lembrando maravilhados dos rostos das pessoas no teatro e no público, e do Menino Jesus que lhes falara ao coração.
- Muitos dizem que o Natal perdeu seu brilho e seu encanto, - disse Lucius – mas sempre se renovará enquanto as pessoas lembrarem do aniversariante.
- Exatamente. - completou Ars. – Por mais que tenhamos cometido pecados durante o ano, Deus nos lembra que seu Filho foi enviado por amor a nós para nos salvar.
- E não adianta desejarmos que apenas nós tenhamos um Natal alegre: – disse Tomoe – devemos passar adiante esta alegria a todos que encontrarmos no caminho da vida.
- Assim, - disse Isauro – o Natal será cada vez mais Feliz. E se tivermos o espírito Natalino durante todo o ano, aí sim o ano será muito feliz!
- Que nunca deixemos esta chama se apagar nos nossos lares e nos nossos corações. – disse Denambuc – Pois Deus nunca se esquece de nós.
- Este é o primeiro Natal que passamos juntos. – disse Rosa - Desejo a todos um Feliz Natal! Que Deus nos abençoe sempre!
- Amém! – disseram os outros, e se abraçaram enquanto o sino da Igreja soava as badaladas da meia-noite, iniciando o Natal.

Fim!

E eu, como escritor de Paladanjos, desejo que Deus abençoe muito a todos vocês neste Natal, queridos leitores e leitoras, e a cada dia neste ano que vem, dando força, coragem e sabedoria para que lutem e alcancem os seus sonhos. Agradeço a todos pelo apoio nesta história e pelos comentários que recebo por este conto, e pelas pessoas que lêem, mas não comentam. Obrigado.
Um abraço fraterno de

Marcelo José dos Anjos.
Bastidores do Capítulo Especial 01

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Capítulo 04 – Equipe Alfa

- Equipe Alfa?
- Sim. Nós Paladanjos estamos divididos em seis Caminhos, e cada um de nós aqui presente é o líder de cada um deles. Somos o Alfa, à frente de todos os Paladanjos. Somos os mais poderosos de nossa Ordem. Eu sou Lucius, Paladanjo do Caminho da Luz, e líder da Equipe Alfa, ao vosso dispor. – e colocando a mão sobre o peito, fez uma reverencia. Os Sóis de seis pontas nas bordas prateadas das mangas, da barra e da gola da túnica brilharam levemente. - E estes são meus amigos e também Paladanjos.
Uma jovem com desenhos de estrelas nas extremidades negras da túnica apresentou-se, seguida dos outros:
- Sou Ars, Paladanjo do Caminho das Trevas, Vossa Santidade.
- Meu nome é Denambuc. Sou o poderoso Paladanjo do Caminho do Fogo. – Chamas vermelhas caracterizavam sua vestimenta.
- Tomoe é meu nome. O Caminho da Água é meu Elemento. – A túnica era decorada com ondas azuis.
- Sou Isauro. Líder dos Paladanjos no Caminho do Vento. – Tornados amarelos adornavam sua túnica.
- E eu sou conhecida como Rosa; meu Caminho é o da Terra. É uma honra estar aqui. – Folhas verdes enfeitavam sua vestimenta.
- Somos os Paladanjos, a Equipe Alfa ao vosso dispor, Papa Leão XV. – Completou Lucius. Neste momento todos eles brilharam como se a luz do Sol se acendesse neles, e cada um com a cor correspondente ao seu elemento.
- “Então os justos brilharão como o Sol no Reino de seu Pai”. – Disse o Papa maravilhado para si mesmo, citando uma passagem do Evangelho.

Do lado de fora, todos imaginavam o que estaria acontecendo dentro da Capela, pois tudo estava acontecendo tão rapidamente, mas ao mesmo tempo tudo parecia estar acontecendo há séculos! A ansiedade tomava conta deles cada vez que ouviam uma voz diferente falando, mas não conseguiam entender nada além de parecer que estavam se apresentando. Por último, uma forte luz brilhou por trás da porta, e alguns raios de luz de várias cores passaram pelos espaços da porta, iluminando o corredor, e tudo pareceu voltar ao normal, pois as luzes apagaram-se. Os que estavam mais próximos da porta ouviram que começaram a conversar, mas não conseguiram entender nada.

- Papa Leão, gostaria de conversar convosco mais tranquilamente ainda hoje.
- Está bem. Eu gostaria de fazer várias perguntas também. Ainda não consegui compreender tudo que está acontecendo aqui hoje. Mas se precisarem de algo, fiquem à vontade, não hesitem em me avisar.
- Obrigado, Vossa Santidade. Agora precisamos ir. Por favor... – disse ele estendendo a mão direita, indicando que fosse á frente.


Quando abriu a porta, alguns cardeais, bispos e padres ainda se encontravam ajoelhados ou sentados no chão, e levantaram-se rapidamente, e mantinham os olhos atentos sobre as seis figuras altas atrás do Papa, que parou alguns metros adiante, e disse.
- Ouçam todos. – A essas palavras, vários outros apareceram dos corredores laterais – Estas pessoas são de grande importância, e quero que os tratem com todo o respeito possível.
- Pessoas? Então eles não são...
- Anjos? – completou Lucius – Sinto decepciona-los, senhores, mas não somos Anjos. Embora possuamos estas asas e estejamos próximos a eles, somos mais próximos de vós do que deles. – E sorriu. Um sorriso perfeito, como os presentes ali nunca tinham visto. Parecia que o próprio Deus sorria para eles.
- Assim será, Vossa Santidade. – Disseram ao Papa, que se voltou aos Paladanjos.
- Ouçam, se não se incomodam, gostaria de rezar na Capela novamente, Senhor Lucius. – Disse o Papa. – Gostaria de colocar meus pensamentos em ordem agora. Acho que ainda não consegui compreender totalmente a grandeza deste momento que vivemos. Mas volto a repetir: fiquem à vontade.
- Claro, como quiser. Agradecemos a hospitalidade, e mais tarde estarei de volta. Com vossa licença, vamos nos retirar agora. – E os seis colocaram juntos a mão direita aberta sobre o coração e fizeram uma reverencia antes de seguir Lucius, dobrando o primeiro corredor à esquerda saindo da vista dos que estavam ali. Ninguém os seguiu.

Então todos correram em direção ao Papa perguntando quem eram eles, o que queriam, o que foram aquelas luzes, e varias outras perguntas que tiveram uma única resposta:
- Em outra oportunidade saberão quem são eles e tudo mais relacionado aos eventos de hoje, que não acabaram. Por enquanto, digo apenas que rezem. Como diz São Paulo, “orai sem cessar”!

Bastidores do Capítulo 04